Parece um paradoxo mas se calhar não é. Assim
como gosto quando os dias começam a crescer, detesto a luz que lhes está
associada e permanece até mais tarde. Verifico agora que detesto essa luz assim
como evito a penumbra. Este é o paradoxo da própria vida, aliás como tudo muda conforme
a vida vai evoluindo.
Todos os anos, no último domingo de Outubro, o
horário de Verão cede lugar ao horário de Inverso que se acomoda como se fosse ficar
para sempre,… O Verão está quase de partida para dar lugar ao Outono que transporta
com ele aquela paz tão ansiada embora nem sempre se lhe sinta a falta.
Tal como qualquer desejo, ele encerra um misto
de saudade e desilusão. Dantes, a tão ansiada luz, agora expõe cruamente o que
inutilmente se pretendia ocultar… As mesmas ruas conduzem aos mesmos lugares
que agora não identifico e que outrora pensava serem imutáveis. Ao contrario do
que seria de esperar, regresso aos mesmos locais onde não era aconselhável regressar.
Era inevitável recordar aqueles momentos que não voltam mais mas, recordar, não
é viver?
Detesto o horário de Inverno da mesma forma que
detesto a luz que evidencia cruamente os limites de cada um.
Sem comentários:
Enviar um comentário