Quando se chega a netos, vem à memória a velha infância
que se pensava já esquecida. Nesses tempos, sempre que não se encontrava uma
explicação coerente para qualquer comportamento, era habitual dizer-se, “parece
que está a pensar na morte da bezerra”. Ainda hoje, é frequente recorrer-se a
este ditado popular e não é raro repetir-se ignorando a sua origem. Face às
inúmeras explicações desta frase, prefiro considerar como mais correta a
explicação que remete para a antiga tradição hebraica. Segundo esta tradição, o rei Absalão (filho do rei Davi), viu-se forçado a sacrificar uma bezerra apesar da
dedicação que o seu filho mais novo dedicava a este animal. Apesar deste
sentimento manifestado pela criança, o animal acabou por ser sacrificado. A
partir daí, o pequeno passou o resto da vida a pensar na morte da bezerra.
Quer seja verdadeira ou não, a explicação da
origem do ditado revela uma certa coerência que justifica o seu uso sempre que
alguém apresenta um ar ausente, alheio à realidade que o cerca.
Muitas vezes acontece manifestar um completo alheamento
a tudo que se passa em volta. Neste caso, a frase faz todo o sentido e a
explicação é aceitável. Uma imagem “fala” mais alto que mil palavras e, neste
caso, a frase fala mais alto…
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