De três
em três meses recorro ao Centro de Saúde da minha área para requisitar e
posteriormente recolher as receitas de medicação crónica. O nome é um tanto
dramático, mas é assim que lhe chamam.
Lá
estavam os utentes do costume. Até podiam ser outros, não decoro caras, mas
tinham a mesma idade e fisionomias habituais da maioria dos que frequentam este
C.S. Todos permaneciam sentados a aguardar pacientemente a sua vez naquele
estado de torpor próprio de quem acordou cedo para ali se dirigir. O som do Bip
do quadro electrónico despertou a atenção de todos os presentes. Um dos que
permaneciam de pé encostado a uma parede resmungava para si próprio, palavras
sem nexo que eu, e se calhar nem ele, conseguia entender… Pelo aspeto, imagino que
seriam insultos, palavrões e toda a sorte de impropérios resultantes da
impaciência de quem se encontra há muito tempo à espera de ser atendido.
Observando
a maioria dos presentes fica-se com a convicção de que vivemos numa sociedade predominantemente
envelhecida com dificuldades de locomoção e de compreensão a vários níveis o
que explica de certa modo a demora no atendimento.
Ao fim
de uma hora de espera aproximadamente, fui despertado pelo som do quadro
electrónico que chamava a senha número oito, a minha. Devo dizer que fui
atendido por um funcionário competentíssimo e com a máxima simpatia.
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