Como toda a gente, também
tive avós, avós paternos e avós maternos. E mais do que toda a gente, também
tive uma avó postiça que não era avó de ninguém, mas que cuidava de mim e do
meu irmão quando chegávamos da escola até os nossos pais regressarem do
trabalho. Dito assim, pode parecer que convivi com uma multidão de avós o que
não é de todo verdade. Não sei se feliz ou infelizmente só conheci a avó
paterna que, ao que me lembre, não morria de amores pelos netos. Quanto aos outros, partiram
primeiro antes da chegada dos netos… Espertos!
Agora
que estou numa de avô até ao fim do mês, já me avisou o Miguel, não vou cair
nesse velho cliché de dizer, ser avô é
ser pai duas vezes porque não é. Pelo menos, para mim, não funciona assim.
Já me bastou ser pai uma vez, mais concretamente, duas vezes.
Talvez que
a visão que tenho sobre o papel dos avós tenha algo a ver com a relação ou a
ausência dela com os meus avós. Ou talvez seja apenas uma questão de
temperamento… sei lá. Ser avô, é simplesmente ser avô.
Isso
significa menos… menos clima para a escrita menos tempo para dedicar à minha
pessoa, menos paciência para… para quezílias. Mas também significa mais… mais
atenção às traquinices dos netos, mais tempo para lhes fazer companhia, mais
coragem para fazer do cansaço mais vontade de colaborar nas brincadeiras, mais
disponibilidade para responder a todas as questões até à exaustão… enfim, isso é
ser avô.
Se tudo o
que ficou dito é verdade, se tudo isso acontece, de forma alguma, ser avô é
resumir toda a nossa existência numa completa disponibilidade para os netos. Os
avós têm direito a ter vida própria, os seus momentos de relaxe destinados a
cuidar de si próprios, de conviver com os amigos, de trabalhar se for caso
disso…
Isto, é
ser avô.
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