Para qualquer pessoa
minimamente empedernida pelas circunstâncias de vida, falta de sensibilidade ou
egoísmo inato, é deprimente visitar um lar de idosos. É vê-los ali sentados em
cadeirões dispostos em filas virados para um ecrã de televisão que ninguém vê
nem ninguém ouve talvez por incapacidade física ou falta de interesse. Pelo
menos, é esta a imagem que me fica sempre que vou visitar o meu sogro internado
num desses “lares”.
Esta quarta-feira
festejámos o 92.º aniversário da minha sogra que por enquanto se tem mantido em
casa por falta de vaga no lar onde se encontra o marido, situação que se vai
alterar na próxima segunda-feira com o seu ingresso.
Faz pena ver a “vida”
que ali os espera depois de uma vida activa que já foi a deles.
É isto que (nos) acontece
quando fragilizados pela falta de saúde se fica dependente da ajuda de
terceiros, quando os familiares não têm possibilidades físicas e económicas para
acolher os seus idosos.
Devido à enorme
dificuldade de locomoção e à distância que nos separa, o lar de idosos foi a solução
de último recurso, depois um período de permanência na própria casa, apoiados
por uma empregada.
Não deve ser fácil para
um idoso o internamento em qualquer lar de idosos por melhor que seja, pois que
isso pressupõe a perda de
autonomia e a ruptura com os hábitos de vida anteriores já para não falar no
abandono da casa que os acolheu (em muitos casos) durante uma vida. E toda esta
perda em troca de quê? De uma “vida” sem presente nem futuro depois de uma vida
plena de família e amigos…
De visita ao meu sogro, pela observação da
forma como alguns funcionários lidam com os idosos o que denota falta de perfil
para as funções que desempenham, pela sua ausência na sala durante a visita, a ideia que fica é de que, devido às exigências inerentes ao
trato de pessoas de idade, muitos dos funcionários não gostarão do trabalho que
fazem, ou seja, obrigam-se a “cuidar” daqueles seres apenas por necessidade e
para terem um salário no fim de cada mês.
É triste e difícil
envelhecer com dignidade em Portugal.
Sem comentários:
Enviar um comentário