As
pessoas foram chegando em grupos formados pelos pais, avós, amigos, vizinhos e
sei lá mais quem…! Só não vinha o cão porque era proibida a entrada no
espetáculo. Falavam em voz alta, riam e cumprimentavam-se entre si. Eu não
conhecia ninguém e ninguém me conhecia ao que parece. Passava meia hora das
dezasseis, quando se deu início ao espectáculo. Entrei. E ali estava eu entre
três cadeiras vazias destinadas aos pais e aos avós. Tudo bem, eu sou avô do
Miguel, estava no lugar certo. O espectáculo começou, o Miguel subiu ao palco e
depois de muito acenar, finalmente viu-me. Estava cumprida a minha missão. Evitar
que se sentisse só. Eu continuava a senti-me só na presença de tantos avós e
alguns pais ainda jovens… assim permaneci até à chegada da mãe depois de deixar
a Ritinha a dormir em casa da avó. Mais tarde, chegou o pai. Havia meninos com
muita família na assistência e outros com menos mas nenhum ficou sozinho com o
avô a assistir a mais de metade do espectáculo. Ninguém escolhe, por isso cada
um não tem a família que merece mas aquela que lhe calhou na sorte. Recorrendo
a um velho chavão, direi que os amigos sim, são a família que escolhemos.
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