Devia ser
primavera, mas não era… Digo “devia” pelo cheiro a primavera que ainda guardo
na memória o cheiro característico dos dentes de Leão. Naquele tempo,
com aquelas flores construía belos jardins que só interrompia quando me
chamavam para almoçar. Era com grande pesar que via que alguém pisara esses jardins durante a
minha breve ausência.
Talvez já fosse
primavera, embora os “dentes-de-Leão” como então lhes chamavam floresçam todo o
ano. Não sei em que estação ocorriam estes acontecimentos que ainda recordo porque
durante o verão as sementes de “o teu pai é careca” esvoaçavam por todos os cantos
da sala. Há quem acredite que se deve formular um pedido relacionado com o amor
ao mesmo tempo que se sopra uma dessas sementes. Se o vento a trouxer de novo,
o desejo será realizado brevemente. Naquele tempo não sabia nada sobre o amor
nem com essa tradição, por isso, não formulava nenhum pedido, apenas deixava-os
voar ao sabor do vento.
Segundo hoje
sei, esta flor estava associada à Virgem Maria e ao seu filho daí significar
liberdade, otimismo, esperança e luz espiritual. Nesse tempo, apenas construía
jardins.
São os dentes de leão e amarelos como deve ser!
Pura
coincidência, dirão os mais céticos, mas acredito que, de alguma forma, as
flores pensam.
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