A
idade é caprichosa no que respeita à memória. Há memórias que emergem não se
sabe de que zona do cérebro enquanto outras se afundam na tentativa, por vezes
conseguida, de esquecer. Lembro-me, não sei que idade tinha, de visitar uma
espécie de bazar sito na célebre rua das flores. Com olhos de criança observava
longamente os brinquedos que decoravam os expositores. De vez em quando era
agraciado com um brinquedo pela proprietária (espanhola).
Durante
longas horas permanecia nesse estabelecimento porque, convencida que a presença da mãe lhe dava
sorte quando tencionava sair, a Dona Célia (ainda me lembro do nome) pedia que
ficasse mais um bocado. Finalmente partíamos e, uma vez na rua, o meu olhar vagueava
pelos edifícios que ladeavam a rua das flores. O nome deve-se às flores que floriam
nos terrenos que esta artéria atravessou e, que por sinal, pertenciam ao
então bispo de Porto, grande devoto de Santa Catarina. Foi esse o nome escolhido
para baptizar a nova rua, «Santa Catarina das Flores» que ia então desde o Largo de
São Domingos até à velhinha Estação de São Bento.
Como
é óbvio não sou desse tempo, sempre a conheci como a Rua das Flores. Nesse
tempo, os meus olhos de criança extasiavam-se perante os afamados palácios que a
ladeavam que testemunhavam uma época o em que a burguesia aristocrática disputava
um terreno para se instalar na nova artéria da cidade.
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