Desde pequeno que me acostumei ao facto de os
adultos darem ordens e as crianças serem obrigadas a obedecer. Qualquer que
fosse a ordem, se não fosse acatada, lá vinha o habitual bofetão ou um par de
açoites. Era essa a lei então em vigor e ninguém se atrevia a pô-la em causa. Antigamente
ainda não se conheciam “os direitos da criança”. Apesar do respeito ser imposto
pelo medo, esta não foi a causa da morte de qualquer dos meus progenitores nem
traumatizou a criança que fui e, quando aplicado na hora certa não deixou
marcas no corpo nem na alma.
Note-se que não sou apologista dos castigos corporais embora lhe
reconheça algum valor em certas ocasiões… é que não conheço nenhum discurso
pedagógico que seja mais eficaz em determinadas situações. Contudo, nem toda a
porrada conseguiu alterar as minhas ideias. Nessas ocasiões, cerrava os dentes
e pensava: “rais” me parta se vou chorar. Com este pensamento arranjava forças para
aguentar estes e outros açoites sem verter lágrimas. Atualmente era impensável aplicar
este tipo de “educação”.
Depois de atingir a idade adulta, é a vida que
se encarrega de dar porrada. Já levei muita e talvez ainda vá levar mais mas, graças
à minha persistência, consigo sempre erguer-me com esta frase no pensamento: raios
me partam se vou chorar…
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