Comparando fotografias antigas
com o visual actual, sai-se sempre a perder pois o aspecto de agora geralmente é pior,
salvo raras excepções. Deste confronto verifiquei que afinal a diferença não é
muita. Talvez exiba um ar mais cansado, nada que não desapareça com uma noite
bem dormida. Além disso, surpreende-me que os estragos feitos pelo tempo não sejam
assim tantos e a maior parte já eram existentes.
Entre a fotografia e o
aspecto actual vão décadas de história, duma vida mal ou bem vivida pouco importa
mas vivida. Nela revejo ruas, costumes e sobretudo gente que se afastou, não de
mim como poderia pensar-se, mas da doença que assusta qualquer um qualquer que
seja. Era assim que pensava e reagia mas que agora, depois dum longo e demorado
processo, consigo ver com maior naturalidade.
Há sempre um momento em
que somos confrontados com fotos do antigamente e nem é preciso que a distância
(em tempo) seja muito grande. Basta que a alteração seja tão repentina que não dê
tempo indispensável à habituação. Compara-se então a imagem sorridente da
fotografia com o aspecto dos nossos dias o que é .normal, o problema está quando
essa comparação acarreta sentimentos negativos. Aí, fica-se quieto durante longos
períodos na contemplação da triste realidade.
Nesse momento é altura
de reagir de forma racional de maneira convincente que a realidade não é
assim tão triste como à primeira vista podia parecer. É tempo de pensar mais em
si próprio deixando para trás o que já foi. O tempo não se comove com a vontade de cada
um e não tem retrocesso. É fundamental admitir que não se permanece sempre igual
ao longo do tempo. A vida ensinou-nos coisas que o tal da fotografia não sabia,
aquela qualidade que orgulhosamente hoje se exibe e que dantes não existia.
Em suma, em vez de se
comparar com a fotografia, aproveite para desenvolver as qualidades que a vida
entretanto lhe ofereceu e fique apenas pela contemplação muda de uma foto curiosa
do antigamente.
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