Durante muitos (alguns) anos foi tradição cantar as janeiras
de porta em porta neste condomínio. Por alguma razão que desconheço, cantar as
janeiras caiu em desuso em detrimento da “cantoria” alusiva ao Halloween.
Enfim, modas que não se discutem. Até porque ambas nos obrigam a ter “qualquer
coisinha” para oferecer nestas ocasiões…
Apesar das modas e tradições muitas vezes importadas, as
janeiras consistiam em cantar de rua em rua e de porta em porta, músicas com letras
muito simples em que privilegiavam o nascimento de Jesus e se desejava que o
novo ano fosse muito feliz.
Talvez por ser tradição (data da minha meninice), o cantar
das janeiras em dia de reis ficou gravado para sempre no meu imaginário. Nessa
altura, como disse, não questionava as letras, apenas me detinha no ato em si. Com
o passar dos anos, tornei-me mais exigente quanto às letras…
Nesse sentido, que me perdoe o Zeca Afonso (Natal dos
Simples) se uma observação mais focada na letra consegue “ver” uma certa pornografia
nas palavras do poeta: então já não se
respeitam as raparigas solteiras? E não merecem distinção as raparigas casadas?
Enfim, tudo lhe serve, solteiras ou casadas…!
Isto sou eu a brincar com as palavras… Reconheço que a
“pornografia” está na cabeça de cada um e não é possível chegar até lá e apaga-la,
embora se consiga já retirar outras coisas…
Conhecidas pela sua simplicidade, a maioria das músicas entoadas
nas janeiras utilizam quadras muito simples em louvor do Menino Jesus, Nossa
Senhora e São José, deixando as quadras menos jocosas para quem não cumpra a
tradição.
E não fique a ideia de que não aprecio o cantar das janeiras,
antes pelo contrário.
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