Nunca
gostei muito daquele aparelho que existia na maior parte das nossas casas. Não posso
precisar, mas penso que a aversão que lhe dedico remonta à minha tenra idade.
O aparelho
que actualmente designámos por telefone, situava-se frequentemente no hal de
entrada das casas ou apartamentos e era lá, para não fugir à regra, que estava
instalado em nossa casa.
É óbvio que
me refiro ao telefone fixo e não aos telemóveis que agora inundam o mercado e
andam nos “dedos” de toda a gente. Mesmo que pareça impossível, há bem pouco
tempo ainda, o telefone muito utilizado social ou profissionalmente, só se
encontrava em poucas casas. Por mais cores e feitios que lhe fossem atribuídos,
não passava de um aparelho frio e sem vontade própria que só merecia atenção quando
tocava.
Como
disse, nunca gostei muito desse aparelho e constatei que a aversão que lhe
dedico ainda hoje prevalece intacta. Apesar de pouca gente lhe conhecer o
número, deixo-o tocar por longos períodos sem ousar tocar-lhe.
Tempos
houve em que atendia alegremente as chamadas de que raramente era o destinatário
até ao dia em que foi incorrectamente utilizado.
Aquilo
mexeu comigo e nunca mais o encarei como um mero aparelho destinado apenas a
converter energia sonora em energia eléctrica e vice-versa.
Através
do telefone passam, desde simples palavras, a emoções sentidas de parte a
parte. Do que ficou dito, depreende-se que o “mal” está no uso incorrecto desse aparelho
a que vulgarmente se chama telefone.
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