Não sou
religioso e tenho pena. Na verdade devia dizer que a minha fé sofre altos e
baixos como uma montanha russa.
Não
sabia por que estava ali “plantado” nem imaginava por que lhe puseram o tal
nome que absorveu toda a zona até que um dia resolvi recolher informação que me
permitisse responder a todas estas questões. Datado do século XVII, pode ver-se
no cruzeiro um Cristo esculpido também em pedra que assinala uma légua (6
quilómetros, mais ou menos) entre dois cruzeiros. Além de assinalar a entrada no
concelho, é também um ponto de referência para indicar aos peregrinos o Caminho
Português para São Tiago. Cá está um detalhe que muito me arrependo de ter
deixado “para mais tarde”.
Até
certo ponto, é normal que me tenha afeiçoado a este cruzeiro. Olhando através
da vidraça, além de outros apartamentos, consigo ver o tal Cristo voltado para
mim.
Recentemente
o cruzeiro sofreu obras de remodelação que felizmente se limitaram apenas a
insignificantes modificações. Acabou mais desafogado depois que demoliram o
prédio que o ensombrava e quase o engolia.
Depois que
adoeci compreendo a tendência do olhar repousar sobre o cruzeiro. Apercebe-se aquela
tendência que existe de se agarrar a alguém ou alguma coisa que esteja por
perto. À falta de melhor, agarrei-me a este cruzeiro que vejo da minha janela
sempre que a vista quiser. E num murmúrio, quase consigo ouvir aquele pedido de
ajuda mudo, que vem de não sei donde e se dirige a parte alguma… a não ser a
que existe no fundo de cada um de nós.
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