De repente, fez-se silêncio e, nesse momento
apercebi-me que havia alguma coisa que faltava na paisagem. A música de súbito
tocou mais alto e os ruídos da casa fizeram-se ouvir. Tudo à minha volta ficou na
expectativa de recomeçar mal o vento se fizesse sentir.
Logo eu que detesto o vento (penso mas não digo) vim
morar para uma zona conhecida pela sua ventania…!
E cá me encontro ainda hoje, pelo microclima ou talvez
por imposições familiares, não sei. Agora isso já não interessa. O certo,
qualquer que fosse o motivo, cá fiquei. Essas coisas, só acontecem a mim, ouço-me
dizer.
Fico a olhar através da vidraça os ulmeiros mandados
plantar por mão caridosa. Perdoai-lhe
Senhor, que não sabem o que fazem.
Detesto estas árvores na medida em que detesto o
vento. São elas que roubam o pouco sol que ilumina a minha sala e, em certas
alturas do ano, cobrem de “neve” o parco terreno envolvente do condomínio.
Fico ali parado olhando através da vidraça os
ulmeiros, a sentir a ausência daquele estranho som que o vento faz ao
esgueirar-se por entre a folhagem. Para ser mais correto devia dizer: o som produzido
pela agitação da folhagem fustigada pelo vento.
Detesto o vento ao qual atribuo todos os males que me
acontecem. Detesto que me empurre contra os muros quando pretendo deixar a
imagem de um ser normal que se dirige para casa, detesto que me arranque o
chapéu e me atrase a marcha….
Por tudo isso, detesto o vento… e ele sabe-o.
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