Há dias em que se
tenciona escrever sobre um tema e acaba-se noutro. Foi o que aconteceu. Por incrível
que pareça, comecei por escrever sobre a comédia e acabei nas próximas eleições.
Afinal, os temas confundem-se! Os noticiários bem como os jornais e revistas
não deixam esquecer que elas estão à porta.
Pois bem, sem que seja um
político, pelo menos assim o creio, falemos em autarquias e, inevitavelmente em
autárquicas. Nos dias que correm, verifico uma certa confusão entre os termos, o
que não é bem a mesma coisa.
Por definição, autarquia
é afinal o poder absoluto exercido por um grupo de pessoas que exercem o poder
local. Por experiência própria, sabemos que não é isso que se passa. Basta
observar certas ruas da cidade para chegar a essa conclusão.
Autarquia é simplesmente o
“local” onde se senta o chamado autarca. O termo, de origem grega (autárkeia), encontra-se
hoje bastante divulgado sobretudo nesta altura do ano.
Pessoalmente, confesso-me
farto de ouvir falar em autárquicas e respectivas autarquias. E não é só nos
noticiários que o termo se desgasta, é nos cartazes afixados por todo lado. Vejamos
quem os vai retirar depois…
Não ignoro que compete ao
Estado disponibilizar as verbas destinadas ás próximas eleições autárquicas. É,
na minha opinião, o tipo de autonomia financeira que se destina à total
independência dos partidos candidatos.
Muito boa gente ficou
indignada ao ouvir falar nos cerca de 4,8 milhões de euros destinados a brindes
distribuídos pelos vários partidos candidatos às eleições. Podem argumentar que
já “lá” estiveram vários governos o que é verdade. É também verdade que até
hoje nada foi feito para que se mudem as leis que regem este ato.
Estou em crer que passado
o mês de Outubro tudo voltará a ser o mesmo, isto é, tudo ficará (mais ou
menos) como dantes. Exceptuando-se algumas obras (de pouca monta) que,
entretanto, foram realizadas no intuito de “comprar” mais alguns votos.
O mesmo se passa em
relação à comédia que, actualmente, se confunde muito com tragédia. A principal
característica que as distingue é que, na comédia, o engano com que se ilude o
espectador mais atento está em si próprio. À medida que a peça se desenrola, o
riso vai aumentado até atingir um certo limite. Creio ter atingido o tal
limite.
As autárquicas servem como distractivo dos reais problemas do país já nem me dão vontade de rir. Como diria
Beethoven, aplaudam, meus amigos, a
comédia acabou.
Há dias assim.
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