Ficar
em casa sem ligar o leitor de CD’s ou a TV começa a ser um suplício com aquela
porta a bater durante toda a manhã, no andar de baixo… Os vizinhos até são
boa gente, simpáticos mas… nunca tiveram filhos. Não por opção mas porque a
Natureza os negou. Sei que não os ter representa para eles um
grande desgosto. Eles nem imaginam a sorte que têm digo eu. Compreendo o desgosto que sentem por não terem filhos. Sempre se deseja aquilo que não se pode ter, contudo invejo-lhe a liberdade de viajar para onde e quando bem lhes apetece,
a possibilidade de trocar de carro amiudadas vezes, acordar e deitar à hora que
lhes dá na gana… e bater com aquela maldita porta que fica mesmo
por baixo da sala onde passo parte do dia…
Só
quem já teve ou tem filhos pequenos sabe o drama que representa uma porta que
bate ou outro qualquer ruído de idêntica intensidade quando os “anjinhos” se
encontram finalmente a dormir…! Um barulhinho, por pequeno que seja, pode ser o
início de um episódio de choro que se prolonga por uma ou mais horas e lá se
vai o nosso sossego e o que é pior, as nossas horas de sono… Os filhos crescem,
partem para as suas vidas mas o trauma fica. Ainda hoje não consigo fechar uma
porta nem uma gaveta sem ser com todo o cuidado… Não vão as criancinhas
acordar, abrir aquelas bocas pequeninas e delicadas e emitir aqueles decibéis
que ninguém imaginaria ser possível sair de um corpinho tão pequeno…!
Mas os
vizinhos não tiveram filhos, não ficaram traumatizados com o choro das
criancinhas que acordam quando se bate com uma porta, quando se fecham gavetas
com estrondo,… Por isso, os vizinhos batem a porta à sua livre e espontânea
vontade… É que os vizinhos não sabem a sorte que têm…
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