Costuma dizer-se que o
Porto é uma grande aldeia formada por imensos bairros e “ilhas”. Nascido e
criado (até certa idade) em pleno Centro Histórico da cidade Invicta, chegava sempre
aquele dia em que os miúdos da rua decidiam montar uma cascata na beira do
passeio. Não sei donde partia a iniciativa nem quem ficava com o dinheiro
sobejante. Deixava esses pormenores ao cuidado do meu irmão mais velho… alguns
meses.
Ao certo não se conhece
a data exacta para se montarem as cascatas, sabe-se apenas que surgem por todo o
lado algumas semanas antes dos festejos joaninos, inclusive junto à porta dos
bairros e ilhas da cidade. Os garotos lá do Largo montavam cuidadosamente uma
cascata com as parcas figuras de barro sobreviventes do ano anterior. Para o
efeito, recolhia-se algum musgo que se dispunha artisticamente em homenagem a São
João que afinal, vim a saber, nem sequer era o padroeiro da Cidade.
Com um pouco de areia
onde as figuras se fixavam eis-nos a pedir um tostãozinho para o Santo António.
Nunca percebi bem o que este santo estava ali a fazer, afinal não precisava do
tostãozinho para nada e nem era o santo em honra do qual se montavam as cascatas
mas, como era tradição, lá ia numa correria louca, pedir um tostão para o santo
António. Diga-se que esse dinheiro servia para comprar outras figuras de barro que
se colocavam na cascata.
Pelo que me consta, a
primeira cascata surgiu nas Fontainhas em 1869 mas, apesar de rudimentar, a “nossa”
cascata era a mais bonita das redondezas…
Sem comentários:
Enviar um comentário