Fala-se pouco embora figure no vocabulário de
todos os dias, evita-se mesmo falar em luto. Agora que passaram dois anos sob o
fogo de Pedrogão, a palavra anda na berlinda onde, mais do que uma família é
toda uma comunidade que ficou de luto. Fora esse fatídico incidente, evita-se
mesmo falar em luto porque isso implica falar em morte da qual se leva a vida inteira
a fugir… o que é desnecessário, a morte encontra sempre quem quer em qualquer
lugar. Também há quem a procure por qualquer motivo que o pensamento não
alcança.
Apesar de bastante conhecida, não resisto à
tentação de comparar a morte com um ladrão que chega sem avisar numa hora em
que menos se espera, tal como aconteceu em Pedrogão. Num dado momento estamos
todos e no seguinte, alguém se afasta definitivamente… Aí fala-se em luto. O
processo não se resume à perda de alguém de quem se gosta. Pode ser doloroso
mas é necessário, é fundamental para preencher o vazio que fica após a perda
não só de alguém, mas também de algo ou algum objecto importante. Funciona assim
como uma espécie de despedida apesar de forçada…
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