São elas que nos sujam os carros com os seus
excrementos, que nos acordam pela manhã com os gritos estridentes e também são
elas as causadoras de inúmeros problemas citadinos. Apesar desses inconvenientes,
sem elas o mar estaria longe, tão longe que só a muito custo se poderia
alcançar.
Todos conhecem o ditado “gaivotas em terra,
tempestade no mar”… É suposto encontra-las nos rochedos à beira mar, quando
muito, em pequenas ilhotas junto ao mar mas nunca nas cidades. No estado natural
a gaivota vive em colónias e persegue os barcos de pesca em busca de peixe
fresco mas, nas cidades, alimenta-se do lixo podendo encontrar-se em
localidades próximas do mar. Além da barulheira e por vezes agressiva, a
gaivota convive lado a lado com o ser humano. Contrastando com o branco
imaculado das suas penas, esta brancura é apenas manchada pela escuridão das
almas que as escutam e poucas vezes as veem…
Apesar de todos os inconvenientes que a sua
presença traz, apercebi-me por estes dias da sua ausência. Será por que há
muito peixe no mar ou será a calmaria das marés que as afastam? Seja qual for a
razão, senti-lhe a falta.
De certo modo, identifico-me com elas. Quem conhece
o romance “Fernão Capelo Gaivota” consegue avaliar a dor de quem está preso ao chão
sabendo que Vê mais longe a gaivota que voa mais alto…
Resumo: Fernão é uma gaivota diferente de
todas as outras gaivotas, educadas para ir ao mar em busca de alimento. Fernão
não aceita que seja esse o destino de uma gaivota. Ele voa por prazer, voa cada
vez melhor, e sabe que o voo, em si mesmo, é um dom. Tenta ir sempre cada vez
mais rápido, cada vez mais longe, até onde as asas o levarem. Mas o Bando não
vê com bons olhos aquelas tentativas e acaba por expulsá-lo, condenando-o ao
exílio...
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