A vida
está constantemente a dar-nos lições que nem sempre compreendemos ou então, se as
compreendemos, quase nunca as aceitámos. Há sempre aquela conhecida atitude de
quem pensa: a mim não, isso não vai acontecer. No entanto, tudo que se
passa à nossa volta nos transmitem lições de vida que não
devíamos mas às vezes desprezamos.
Depois
de uma viagem de autocarro que o Miguel adorou, acabámos por almoçar numa esplanada
na Praça da Liberdade contígua à Av. Dos Aliados na baixa do Porto. A caminho
da esplanada, passámos à porta do Banco de Portugal onde se concentravam alguns
manifestantes, lesados do BES, que gritavam como palavra de ordem “Queremos o nosso dinheiro”. Os
transeuntes, tais como nós, passavam indiferentes ignorando o grupo de pessoas que
ali se concentrava. Tenho pena daqueles que foram realmente enganados se bem
que fosse possível distinguir entre eles, outros cujo aspecto permitiria supor
tratar-se de gente informada que foi conscientemente atraído por juros altos…
Instalados
finalmente numa mesa da esplanada, foi-nos fornecido o menu que passamos a
consultar. Como sempre, além dos pratos disponíveis, consultamos também os
respectivos preços. Face ao comentário de que o almoço iria ficar caro,
lembrei-me da lição a tirar daquele grupo de pessoas que continuavam a
manifestar-se ali um pouco mais acima. Quantas vezes nos privamos de algumas
mordomias com a finalidade de poupar e fazer um pé-de-meia que nos permita
fazer face a qualquer eventualidade nefasta que possa surgir no futuro. Este
comportamento é até louvável o perigo está em se tornar um hábito indo para
além do que seria racionalmente necessário.
Quem sabe, algum
daqueles manifestantes não se terá privado de uma vida mais confortável para
conseguir fazer as suas poupanças? E um dia, algo acontece como a falência de
um banco, uma catástrofe, a própria morte e todas essas poupanças de nada lhe valeram… Talvez esteja a ser tolo ao pensar assim mas, como dizia Winston Churchill, A maior
lição da vida é a de que, às vezes, até os tolos têm razão.
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