Confesso que tenho uma
verdadeira paranóia no que se refere aquele bichinho que os cientistas designam
por Anopheles gambiae e a que vulgarmente chamamos “melga”.
Basta sentir aquele zumbido característico que a “bicha” tem a mania de fazer
mal se apaga a luz para já não conseguir adormecer. O uso do termo “bicha” para
designar esse irritante insecto voador não é de todo inocente. Pelo que sei,
o mosquito fêmea é o único que pica. Sim,
porque a Natureza cobardemente o dotou além das duas asas, de uma tromba da qual se serve para picar e sugar o nosso sangue.
Mas não se fica por aqui a malvadez. Quando pica, inocula a própria saliva que, nalguns indivíduos, desencadeia
uma reacção alérgica.
A minha paranóia começa
no momento em que, na disposição de adormecer, apago a luz e sinto junto aos
ouvidos aquele zumbido que as melgas adoram fazer durante o voo. Começo por esbracejar para
afastar a “vampira”, acendo de novo a luz, salto da cama e perscruto paredes e tecto com o
intuito de acabar com ela. Em tempos, era fácil localizá-la porque invariavelmente
pousava no tecto mas a nova geração especializou-se na arte da camuflagem.
Esta noite não consegui localizá-la e acabei por passar a noite no sofá da
sala. Vi um filme, o fim de outro, vários noticiários e aprendi (na internet)
que a malvada, que se introduz em nossas casas ao entardecer, é atraída além do calor corporal, pelo o anidrido carbónico que exalamos ao expirar e por algumas das substâncias que compõem
o suor, como o ácido láctico.
À conta desta paranóia, passei a noite em branco no
sofá da sala enquanto a melga ficou com o quarto só para ela.
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