Le roi est mort, vive le roi!
O António
reformou-se. Ao fim de trinta e muitos anos de serviço o António não aguentou
mais a má educação dos (alguns) alunos na sala de aula, a agressão verbal, por
vezes física, dos encarregados de educação, uns por incapacidade mental para
ajuizarem a situação outros por ouvirem apenas uma das partes envolvidas no
conflito. Os filhos…
Não sei se o António
era ou não um bom professor. Quando foi preciso opinar, uns calaram quando
deviam falar e outros falaram quando deviam estar calados…
Não sei se o António
era ou foi um bom professor. Também isso agora já não interessa. Não lhe
interessa a ele e muito menos a mim. Agora já nada disso interessa. O António
reformou-se.
A quem atribuir a
culpa deste estado de coisas que levaram o António a reformar-se?
Ainda não é desta que
a culpa se vai casar… a culpa está condenada a morrer solteira…
Podemos especular e
atribuir as culpas ao meio socioeconómico dos alunos, às suas expectativas para o
futuro, à falta de respostas das escolas, à falta de motivação ou preparação
dos professores, …….
O que é facto é que
quando comecei a lecionar, havia sucesso nas nossas escolas. Afinal o
que mudou? Na minha opinião foram as massas estudantis… o conjunto
dos alunos é muito mais heterogéneo do que era então. Nesse tempo só estudava
quem tinha mesmo um objectivo. E esse objectivo podia passar por um curso
superior ou então um curso técnico profissional. Para isso existiam os liceus e
as escolas técnicas. E porque não?
Também me reformei no mesmo ano do António. Não pelas mesmas razões mas como os extremos se tocam…
acho que me reformei precisamente pelas mesmas razões…
Há dias assim em que
me apetece prestar uma singela homenagem a todos os Antónios que lecionam por
esse país fora, sem 13º mês nem subsídio de férias e suportam estoicamente a
humilhação e o desprestígio que é actualmente ser professor.
O António
reformou-se. Viva o António!
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