Não me lembro de um
colo. E falo no sentido literal da palavra. Obviamente que o tive nos primeiros
anos de vida mas em criança não recordo de o ter de qualquer um dos meus progenitores.
Aliás, não recordo um só gesto de carinho. O contacto físico era tacitamente
evitado entre os elementos familiares… Não me perguntem a razão de tal
comportamento porque deveras não sei… Presumo que talvez tivesse origem numa religiosidade
exacerbada por da parte de minha mãe e incapacidade de se dar por parte de meu
pai… ou de ambos. Essa mesma incapacidade transmitiu-se a nós filhos. Recordo
que considerávamos esses gestos de carinho como lamechices a evitar. Sempre que
inadvertidamente ocorria qualquer contacto físico entre nós instantaneamente
ocorria a tal retração como se de um choque se tratasse… Mais tarde, já adulto, minha mãe já incluía nas suas
manifestações de amor maternal a carícia, o afago, o contacto físico… Mas onde
realmente ele fez falta foi na fase da infância. Essa fase crucial do
desenvolvimento e formação da criança que deixa marcas para o resto da vida.
Está provado que uma
atitude fria e distante dos pais é um fator castrador na futura vida emocional
dos filhos.
Dai o meu conselho:
beijem, acariciem e sobretudo, digam o que sentem aos vossos seres amados… Que
nada fique por dizer… ou por fazer…
Há dias assim em que
nos assalta a saudade de um colo que nos foi inexplicavelmente negado na infância…
Concordo em absoluto com o seu conselho...os carinhos sabem tão bem... e às vezes precisamos tanto deles !! recordo-me de que já era grande e adorava sentar-me no colo da minha mãe... e agora é a minha filha que faz precisamente o mesmo. Beijinhos - Ester
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