Desligou
o aparelho de TV premindo com força exagerada o botão do comando. Abandonou o
cadeirão destinado à leitura ou para assistir a alguns programas televisivos e
foi sentar-se no lado mais escuro da sala onde a luz quase não chega. Como era
habitual sempre que por qualquer razão se encontrava abatido. Foi para lá que
se dirigiu pois que a luz combina mais com a alegria ao contrário da penumbra.
O
problema que lhe dominava a mente era o mesmo de sempre se bem que o
conhecimento das coisas, só por si, não constitui um problema antes pelo
contrário demonstra o dom de se sensível aos problemas da humanidade.
Quantas
pessoas dariam tudo para possuir tal dom? Em certos casos essa capacidade até
se revelava vantajosa mas ele estava farto. De bom grado abdicaria desse dom.
Ter
que assistir diariamente em quase todos os noticiários televisivos a indivíduos
que se declaram inocentes quando os fatos apontam para corrupção, assassinos e ladrões
e que mais tarde vem a saber-se que estão a mentir. Aquela estranha sensação de
injustiça e impotência perante esses factos eram os responsáveis por aquele
estado de espírito.
Não,
de maneira nenhuma apreciava aquele o estranho dom. Se ao menos lhe permitisse adivinhar
o bom resultado de qualquer jogo de sorte! Mas não, o dom resumia-se a prever
situações, se é que se pode usar o termo.
Por
mais que deixasse vaguear o seu pensamento, ali no sentado no lado escuro, nenhuma
luz conseguia iluminar-lhe o pensamento entorpecido pelo pensamento. É um
defeito de muita gente, dizer o que não se sente e fazer o que não se sabe fazer.
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