As gaivotas são assim.
Permanecem em terra por longos períodos e, quando voam, fazem-no sobrevoando o
chão ou a crista das ondas em busca de alimento. Se alguma se aventura em altos
voos em busca de um céu que nunca se alcança, unem-se os esforços em terra na
tentativa de a manter rente ao chão onde tudo é mais familiar. Algumas gaivotas
transformam-se em gente conservando o mesmo comportamento, o medo de voar… mais
alto. Voar nunca foi o meu maior medo, excepto durante a descolagem, ao longo do
voo, caso não ocorram poços de ar e, mais tarde, no decorrer da
aterragem. No tempo que resta (muito pouco) não tenho medo de voar.
Sempre foi o meu e o sonho
de muita gente voar, voar mais alto. Não me refiro aquelas viagens organizadas por
qualquer agência mas àquele patamar que só se atinge quando se voa, mesmo sem
asas. Uma vez atingido este patamar, adquire-se um pouco mais de humanidade e acentua-se
a diferença entre quem se foi e o que se pretende vir a ser, mesmo que esse fim
ainda esteja longe. Para chegar a esse estádio, lamentavelmente, é preciso
passar por algumas situações inesperadas, as chamadas rasteiras da vida,
necessárias para voar mais alto. O segredo, consiste em soltar as amarras que
nos prendem ao chão, amaras que aprisionam sonhos, ilusões e desilusões,… que nos
impedem de voar mais alto, mesmo não tendo asas…
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