Há dias em que me acho uma
óptima companhia, bom ouvinte e razoável comunicador e, noutros dias, nem tanto.
Mas hoje é um daqueles dias, por isso fiquei ali sentado a sós… comigo. Ali sentado,
também penso que estou só. Na verdade, embora esteja ali sentado, não estou
sozinho. Tenho-me a mim constantemente por companhia. Fico em silêncio, imóvel
no escuro, não vá quebrar-se a paz aparente que de mim emana. Para lá da
janela, vejo as nuvens que flutuam num céu onde, de quando em vez, passa um
avião no seu percurso habitual a caminho do aeroporto. Talvez esse avião
transporte alguém a sós consigo próprio, alguém que julga estar só…
Ali sentado, em
silêncio, repreendo-me com palavras que se aproximam de um insulto, tentando
justificar o que não tem justificação. Então prometo a mim próprio alterar
comportamentos, reprimir emoções, acreditando que no futuro se irão concretizar…!
Ali sentado, a sós comigo,
olho através da janela o céu onde já não há nuvens, somente o céu de um azul
deslavado. De quando em quando, há dias em que ouço os aviões que levam alguém que
julga estar só.
Há dias assim.
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