Há fases na vida em que tudo corre mal, nestas
ocasiões lembro-me sempre dos alcatruzes da nora, umas vezes em cima e logo a
seguir em baixo.
Uma desgraça nunca vem só,
dizia minha mãe com alguma frequência. Empregava este exemplo sem saber que
afinal estava a servir-se de um velho provérbio português há muito inventado.
Para quem não sabe, devido a ser pouco actual, a “nora” era um engenho muito usado
para tirar água movido por tracção animal ou, na pior das hipóteses, por gente sem
recursos monetários.
O mesmo acontece na vida e não há nada a fazer senão
aguardar que a roda gire e se fique por cima. De facto, um azar nunca vem só,
raramente vem sozinho. Já me bastava um olho negro, o inchaço da pálpebra e o
sangue acumulado para que durante o almoço aparecesse, espetada no polegar, uma
farpa vinda não se sabe de onde… Uma desgraça vem sempre a seguir a outra.
Esperemos que a próxima não seja pior enquanto
se espera que a roda gire.
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