Podia
dizer que não lhe sinto a falta mas isso seria pura e incomensurável mentira. Admito
que me fazem falta quer a família, quer amigos, conhecidos… tudo e todos. Uns
mais que outros, evidentemente. Mas fazem-me falta.
Contudo,
apesar de bem acompanhado, sigo milimetricamente o caminho por mim traçado
embora sabendo que não me conduz a parte nenhuma. Não é tanto por teimosia mas pela
impossibilidade de acreditar a cem por cento no que me dizem as vozes que me cercam. Por vezes os familiares mentem
ou então omitem a realidade. O mesmo sucede com os amigos, pese embora com
menos frequência. Os amigos, geralmente não mentem. É-lhes difícil mentir e, se
uma mentira piedosa lhes aflora aos lábios, fazem aquela “carinha” que revela
tudo o que as palavras não dizem. Por outro lado, os familiares dispõem de
muito mais tempo, logo adquirem um traquejo que lhes permite mentir com um
sorriso nos lábios.
Em
princípio exijo que me digam a verdade, médicos, amigos, familiares… tudo e todos.
Acho que já ultrapassei aquela fase, quer pela doença, quer pela idade, em que é
permitido dizer sem rodeios aquilo que se pensa e também ouvir o que deve ser
ouvido. Digamos que já ultrapassei a fase que Freud designaria de frustração
sexual tendo-me fixado na frustração existencial, no puro vazio. Deste modo, desperdiço
os meus dias entre consultas e sessões terapêuticas contentando-me a pensar
(cada vez mais) nos “velhos” amigos que se eclipsaram um a um.
Termino com uma frase que não é minha mas que traduz tudo o que penso:
Termino com uma frase que não é minha mas que traduz tudo o que penso:
Um dia era igual ao outro. E, se bem que
pensássemos todos os dias no fim de semana, o fim de semana era sempre uma
desilusão, e depois vinha novamente segunda-feira e tudo recomeçava, e a vida
era aquilo, não havia mais nada.
Sem comentários:
Enviar um comentário