Há
palavras que atravessam o tempo e o espaço, o que não quer dizer que tomem sempre
o mesmo significado. A palavra “Deficiente” é uma delas. Seja qual for o
significado que lhe atribuam (e tem mudado ao longo dos séculos), causa sempre um
certo receio aos que se apelidam “normais”. O que é diferente mete medo, daí a repulsa,
o fugir a sete pés do que não obedece à norma em vigor.
Para ser
mais preciso, e segundo a OMS, deficiente é a palavra que se usa para indicar a
perda da normalidade quer seja psicológica, fisiológica ou anatómica. Qualquer
que seja a perda, é sempre uma perda, e é encarada segundo as vivências que
trazemos detrás. Estamos programados para aceitar a dita normalidade e quem se desvie
desse padrão, dá vontade de mudar de passeio. Por outras palavras, tudo que se
desvie a nível físico ou psicológico do que considerámos “normal” acaba por se
tornar estranho e meter medo.
Se, por
qualquer razão, a ténue fronteira entre o normal e o anormal for ultrapassada,
quem nos conheceu no primeiro plano sente muito mais a diferença. Dá pena ver uma
vida completamente diferente do que já foi, é compreensível uma certa rejeição.
Quem nasceu nessa diferença, nem nota que ela existe…
Há dias
em que pensámos mais nos deficientes que o são e nos que a vida obriga a
atravessar essa fronteira.
Há dias
assim.
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