Atrás de
si, as esplanadas regurgitavam de gente. Uns, gente ociosa, estendia-se ao sol
como lagartos em pleno Estio. Outros, gente lenta, sussurrava palavras que nunca
diriam noutra situação e que jamais seriam repetidas.
Uns e
outros, falavam em voz baixa como se não quisessem quebrar o silêncio todo
feito dos sons que um ouvido mais distraído conseguia ouvir. O ruído do
trânsito era abafado pelo ruído das ondas que monotonamente se quebravam na areia
da praia. Parecia que cada um estava empenhado em não quebrar o silêncio que fluía
no ar e por todo a parte.
À frente,
o mar. Eternamente o mar cujas ondas se quebravam na praia. Tudo igual e,
contudo, tão diferente…! Além da gente que frequentava as esplanadas, do mar e de
si, tudo era diferente.
Atrás, passava
imensa gente, mas ninguém se deteve para saber o porquê daquelas lágrimas e, cá
para nós, ainda bem que o não fez…
Era um
choro calado e tão distante que ninguém o conseguia alcançar, quanto mais parar.
Aquele choro, calado e distante, começou assim, sem mais nem menos, sem o menor
aviso prévio.
O
pensamento não pára. Ninguém o consegue parar… e o choro acompanhava os
pensamentos que lhe atravessavam a mente. Já foi um choro carregado de injúrias
e súplicas, agora era um choro calado… e distante.
Não se
sabia bem donde vinha nem para onde ia o choro que perseguia o pensamento e o
pensamento, seguia o seu curso normal. Como se alguma coisa a partir daí fosse normal...!
Apenas o
choro continuava sem razão aparente. Era um choro calado que ninguém viu nem
conseguia parar…
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