Está ainda bem presente nas nossas memórias a cínica
inscrição “o trabalho liberta” existente no portão de entrada dos campos de
concentração do regime nazi. A frase, neste contexto, encerra uma dupla ironia por
se encontrar à porta de uma prisão cuja única saída era a morte… De um modo
geral, o trabalho aprisiona ao contrário de nos libertar. Fica-se “preso” no
local de trabalho muitas horas por dia que são subtraídas a atividades de lazer
e ao convívio com familiares e amigos. Quando encarado apenas como um meio de subsistência,
geralmente não afecta a saúde mental do indivíduo. Contudo, quando o trabalho assume
a prioridade sobre todos os aspectos da vida social e familiar, corre-se o
risco de vir a tornar-se numa compulsão. Neste caso o trabalho passa a ser um meio de evitar pensamentos pouco
gratificantes e de gerir sentimentos incómodos… Sempre que me deparo com um indivíduo que vive exclusivamente para o
trabalho mantendo-se à margem da vida social e familiar, fica sempre a suspeição
de que algo errado se passa na sua vida.
O workaholic (viciado no trabalho)
concentra-se de tal modo no trabalho ao ponto de deixar de ter fins-de-semana e
de conviver com familiares e amigos. Esta dedicação ao trabalho transforma-o num
ser altamente perfecionista, constantemente insatisfeito consigo próprio e com
os outros o que torna uma pessoa amarga e severa acabando por ficar cada vez
mais isolado. No fundo, o workaholic também não é feliz.
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