Recordo ainda com alguma saudade aquele
tempo em que os frequentadores habituais falavam em voz baixa dos mais variados
assuntos, quer se tratasse de futebol, da última aula de grupo ou qualquer
outro assunto mas sempre evitando a mínima polémica. Era outro tempo, outros
frequentadores que se conheciam e cumprimentavam à chegada e à partida.
Como forma de terapia e não só, sou frequentador
assíduo de um ginásio. Até aqui nada de anormal, hoje em dia até é banal
frequentar um ginásio. Já não é tão banal inscreverem-se no final da época das
praias e em meados de Março, por falta de motivação, já estarem a desistir.
Para quem frequenta o ginásio com alguma regularidade
e durante todo o ano, despir a fatiota de andar na rua e vestir o equipamento próprio
para o treino acontece com toda a naturalidade. É aqui, no vestiário, que se manifesta
o não saber estar no mesmo espaço que obrigatoriamente se partilha com toda a
sorte de pessoas. A “agressão” aos presentes vai desde o falar alto como se estivesse
numa “quinta” e o interlocutor numa outra “quinta” até ao deambular em pelote numa
alegre cavaqueira com os companheiros de treino. Esta nudez, perfeitamente
natural em qualquer balneário é censurável na medida em que se adia
interminavelmente o ato de vestir… Com efeito, os utentes dos ginásios podem dividir-se
em dois grupos, os que fazem uso dos balneários como ponto de passagem entre a
sala de musculação o balneário e a rua e os que fazem das ditas instalações uma
segunda casa (se não a primeira) e numa alegre cavaqueira vão exibindo os respectivos
“apêndices” que, pelo que pude comprovar, a Natureza pouco ou nada favoreceu…
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