Tudo parece
maior quando somos pequenos. A porta da rua, a velha escadaria em madeira
carunchosa, os patamares, até o Largo agora parece ter encolhido ao longo dos
anos.
As flores
(amarelas por sinal) são as mesmas, crescem por entre as pedras que atapetam o
Largo. Na mesma rua por onde se descortina o Rio, sobem ronronando as camionetas
que representam terras situadas na outra margem. Tudo permanece igual embora, nem
todos saibam, é preciso fechar os olhos.
Por
breves momentos, reporto-me à minha longínqua infância e procuro um passado que
está de todo morto. Ninguém percebeu, era essa a ideia, a procura incessante da
casa onde passei a maior parte da infância.
Permanecia
ali parado junto ao funicular que me transportou desde lá em baixo, amparado por
aquelas pedras que não falavam com linguagem de gente, mas que tinham tanto
para contar…
Mesmo ao
lado, lá estavam as escadas cujos degraus graníticos tão bem conhecia! Nada, nessa
altura, prendia a minha atenção, nem a fachada das casas, a igreja ali implantada,
nada. Apenas a fuga inconsequente do agente da polícia.
Tantas
vezes percorri aquelas escadas sem olhar para trás, saltando alguns degraus, com
o fôlego que me restava!
De
repente, como num espelho reflectido, vejo-me tal e qual como sou. Comparando com
esse passado, fico a pensar: Quem me viu
e quem me vê”.
Sem comentários:
Enviar um comentário