Devia
ser primavera, mas francamente não sei. Digo “talvez” pelo cheiro a primavera, pelos
calções e sobretudo pelas flores que começavam a romper por entre as pedras do
Largo. Apenas recordo que construía belos jardins que interrompia para almoçar
e me penalizava ver que alguém pisara durante esse curto espaço de tempo.
Talvez
fosse primavera, embora os “dentes-de-Leão” como eram chamados floresçam todo o
ano, mas principalmente na primavera, quando as temperaturas são mais agradáveis.
Definitivamente
era primavera por que no verão, o “teu pai é careca” esvoaçava por todos os
compartimentos da casa. Na verdade, trata-se de sementes da planta que esvoaçam
levadas pelo vento. Há quem acredite que deve formular-se um pedido relacionado
com o amor quando se sopra para uma dessas sementes. Se o vento teimar em trazer
de novo a semente, o desejo será realizado muito em breve. Na altura, eu nada
sabia sobre tradições, por isso não formulava pedido algum. Apenas construía
jardins. Na Idade Média, associava-se esta flor a Cristo e à Virgem Maria daí
ter ganho o significado de liberdade, otimismo, esperança e luz espiritual, no
que acredito.
Desde o
momento em que escrevi algo sobre os “dentes-de-Leão”, não param de florir em
volta da minha varanda o que nada tem de extraordinário visto que estarmos na
primavera. O extraordinário é que florescem mesmo em frente da varanda e todo o
terreno em volta se encontra livre destas flores. São dentes de leão e amarelos (como deve ser) aos montes!
Por
coincidência, dirão os mais cépticos, mas eu quero crer que as flores pensam.
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