Talvez a
tenham insultado, não sei, não ouvi. Contudo, ouvi a resposta. Tinha de ouvir
dado a escala sonora em que foi dita: – Burra era a tua mãe e mais casou-se.
Fiquei a
pensar no sentido que ela quereria dar a esta frase. Dizer que burra era a mãe
já por si era um insulto à senhora que por ausente, não se poderia defender.
Mas acrescentar que, para além de burra, se casou, isso não entendi muito bem.
Teria sido burra por se ter casado ou, apesar de burra, teve a “sorte” de se casar?
Ou seria tão burra, mas tão burra que até se casou…? Francamente fiquei sem
saber.
De
qualquer modo, sendo ou não um pretenso insulto, até que foi um dos mais suaves
que lhe ouvi e não foi por falta de outros mais picantes que já tive
oportunidade de escutar. Devo esclarecer que a minha relação com a “senhora” se
limita a frequentar o mesmo supermercado onde ambos fazemos compras. Pelo que
tenho observado, trata-se de alguém com resposta pronta face a alguma agressão
real ou imaginária. O insulto é a sua arma de arremesso sempre que se sente
ameaçada sendo que essas ameaças existem muitas vezes dentro da sua cabeça e
são fruto de um complexo de inferioridade. Julgar esta pessoa como
“mal-educada” seria uma atitude preconceituosa, é não querer assumir parte na
culpa de uma sociedade discriminatória cultural e economicamente que acaba por
gerar indivíduos revoltados.
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