Como que por acaso, num daqueles acessos revivalistas de
que raramente sou acometido (graças a Deus) revisitei um livro de Erico
Veríssimo: “O Senhor Embaixador”. Este velhinho romance, publicado em 1965, curiosamente
mantém a actualidade no que se refere à sua trama política e social. Para quem já
leu outros livros do autor, é natural que estranhe a escrita de Érico Veríssimo
neste livro. O autor adopta aqui um tipo de escrita muito diferente daquela a
que nos tinha habituado em obras anteriores.
A acção
deste romance desenrola-se entre Washington e Sacramento, uma república
imaginária da América Central caricaturando algumas repúblicas latino-americanas, corruptas, instáveis e ditatoriais. É curiosa
a semelhança entre Sacramento e Cuba ao tempo em que o romance foi
escrito, principalmente na descrição que faz de uma revolução liderada por uma
figura messiânica que, na realidade, é controlado por um comunista radical, e
que tira do poder o ditador com o apoio dos EUA… Curiosa
é também a referência ao livro War Is a Racket, onde um
ex-militar diz que todas as guerras são feitas por motivos económicos.
E
não são?!
Gravura de Pawel Kuczinski
O principal objectivo de qualquer guerra é usurpar os
recursos dos vencidos.
Sem comentários:
Enviar um comentário