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sábado, 11 de junho de 2022

A MADRINHA

Atualmente não há tantas exigências por parte da Igreja católica quanto ao número de padrinhos do mesmo ou de sexos diferentes. Uma coisa não mudou, as obrigações dos padrinhos bem como as regalias se bem que durante toda a vida não pare de se oferecer “prendas” aos afilhados. Pouco me lembro da minha madrinha de batismo. Nesse tempo e mesmo agora, o nome da criança era sugerido pela madrinha, com o acordo dos pais. Só lembro da minha madrinha como uma senhora muito calma nos gestos e no falar, a quem chamávamos carinhosamente a Dona Adriana (Ramos Pinto), cujo filho e padrinho se chamava Eugénio.

Nessa época ela era sócia de um dos principais bazares situado na rua Sá da Bandeira cuja inauguração ocorreu no século XIX, numa zona de quintas e terrenos agrícolas muitos dos quais eram pertença de D. Antónia Ferreira (A Ferreirinha).
Ainda hoje, é uma das ruas mais centrais e movimentadas do Porto. Conta-se que durante a guerra entre Liberais e Absolutistas, o braço com que transportava a bandeira foi-lhe amputado passando a ser conhecido como o Sá da Bandeira e que mais tarde deu o nome à rua e inúmeros cargos políticos.
Conta a minha mãe que a D. Adriana, sentada na sala destinada a receber personagens de grande gabarito, à  despedida disse “Então, conforme combinámos, o menino vai chamar-se Eugénio”. Ao ouvir isto, o meu irmão que brincava ao fundo do corredor, correu para mim, pousou a sua mãozita na minha cabeça e disse numa linguagem própria de uma criança, “Ete menino chama-se jojinho”. Ficaram as duas mudas a olhar uma para a outra. Repetiram a experiência e a cena repetiu-se. Graças a ele fui batizado com o nome que hoje tenho e não me chamei “Eugénio”.

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