Atualmente
não há tantas exigências por parte da Igreja católica quanto ao número de
padrinhos do mesmo ou de sexos diferentes. Uma coisa não mudou, as obrigações dos
padrinhos bem como as regalias se bem que durante toda a vida não pare de se oferecer
“prendas” aos afilhados. Pouco me lembro da minha madrinha de batismo. Nesse
tempo e mesmo agora, o nome da criança era sugerido pela madrinha, com o acordo
dos pais. Só lembro da minha madrinha como uma senhora muito calma nos gestos e
no falar, a quem chamávamos carinhosamente a Dona Adriana (Ramos Pinto), cujo
filho e padrinho se chamava Eugénio.
Nessa
época ela era sócia de um dos principais bazares situado na rua Sá da Bandeira cuja
inauguração ocorreu no século XIX, numa zona de quintas e terrenos agrícolas muitos
dos quais eram pertença de D. Antónia Ferreira (A Ferreirinha).
Ainda
hoje, é uma das ruas mais centrais e movimentadas do Porto. Conta-se que durante
a guerra entre Liberais e Absolutistas, o braço com que transportava a bandeira
foi-lhe amputado passando a ser conhecido como o Sá da Bandeira e que mais
tarde deu o nome à rua e inúmeros cargos políticos.
Conta
a minha mãe que a D. Adriana, sentada na sala destinada a receber personagens de
grande gabarito, à despedida disse “Então,
conforme combinámos, o menino vai chamar-se Eugénio”. Ao ouvir isto, o meu
irmão que brincava ao fundo do corredor, correu para mim, pousou a sua mãozita
na minha cabeça e disse numa linguagem própria de uma criança, “Ete menino chama-se
jojinho”. Ficaram as duas mudas a olhar uma para a outra. Repetiram a
experiência e a cena repetiu-se. Graças a ele fui batizado com o nome que hoje
tenho e não me chamei “Eugénio”.
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