Hoje o dia amanheceu
chuvoso. Gotas de chuva escorrem em silêncio na vidraça, Lá fora, a chuva vai
pintando de cinzento as ruas, os prédios os carros, e o céu… É um daqueles dias
em que me apetece dizer – deixem-me no meu cantinho, não me digam nada, não me
perguntem nada, não me façam nada… isto é, façam de conta que morri. Façam de
conta que já não estou cá… Quero apenas estar estando ausente… É um daqueles
raros dias de “baterias descarregadas” em que o mínimo gesto representa um
esforço quase sobre-humano pela sua inutilidade… Em que me pergunto a cada
intenção de agir – para quê? Vale a pena…?
Mas a vida continua…
a vida não para. É preciso levar o Miguel à escola, há contas para pagar, tenho
análises para fazer… Por isso, há que afivelar o meu mais bonito sorriso (se é
que alguma vez o tive), brincar com o Miguel durante a viagem até à escola,
cumprimentar alegremente o funcionário do café…
Há dias em que nem a
chuva lava a tristeza que ainda paira no ar como as partículas poluentes…
Há dias assim…
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