Embora viesse a propósito, não será ainda hoje que vou falar
daquele meu vizinho, não sei se o de baixo, o de cima ou qualquer outro. Um
deles, ao fim do dia, quando se espera um pouco de sossego e calma, começa a
arrastar cadeiras e outro a bater com as portas… Mas não vou hoje dar-lhe a
honra de serem o assunto do dia. Porque hoje se celebra o Dia Mundial do
Animal, vou homenagear, a título póstumo, o meu cão Farrusco. Nunca esquecerei
o companheiro que foi principalmente no meu pós-operatório. Passou imensas
tardes ao meu lado no sofá, pacientemente deitado no meu colo. Sempre atento a
qualquer gemido meu, ao qual correspondia com uma lambidela na minha face.
Muitas vezes ridicularizei a relação exageradamente carinhosa dos donos
de alguns cães. Hoje até consigo compreender e obviamente, aceitar essas manifestações
de carinho. Nunca pensei vir a ter uma tal relação de amizade e companheirismo
com um cão! Mas foi o que aconteceu. Não me envergonha confessar que chorei
aquando da sua partida. E que saudades tenho do meu Farrusco! Será que algum dia
o irei reencontrar?! Será que os cães também regressam…?
(Sei que
andas por aí, ouço os teus passos em certas noites, quando me esqueço e fecho
as portas começas a raspar devagarinho, às vezes rosnas, posso mesmo jurar que
já te ouvi uivar, cá em casa dizem que é o vento, eu sei que és tu, os cães também
regressam, sei muito bem que andas por aí.)
Manuel
Alegre, Cão como nós
Sem comentários:
Enviar um comentário