Em dia de pagar promessas, saí de casa pela manhã com destino a Fátima. Como detesto perder tempo à procura de estacionamento,
costumo recorrer aos parques existentes atrás do Santuário. Sempre que
estaciono num desses parques, vem-me à memória a estranha sensação que um dia
senti ao não encontrar o carro no local onde pensava ter estacionado. Nesse dia
percorri, eu e a mulher, vezes sem conta as várias filas de carros estacionados
sem conseguir localizar o nosso e, à medida que o tempo passava, ia
crescendo a angústia e a convicção de que havia sido furtado. Felizmente não se
veio a confirmar essa suspeita porque finalmente encontrámos o carro
estacionado precisamente onde o havíamos deixado. Desde aí que me acompanha
esse trauma ao ponto de algumas vezes sonhar que não me lembro onde estacionei
o carro.
Contudo, esquecer a chave de
casa (mais do que uma vez), não se lembrar se desligou o computador, a luz da
cozinha ou onde estacionou o carro não deve ser motivo de preocupação. É
perfeitamente normal, a partir de certa idade, a perda de memória devido à
diminuição do número de células cerebrais. Além disso, esquecer coisas banais
como o nome de pessoas ou acontecimentos corriqueiros do dia a dia tem a
vantagem de deixar a memória livre para os acontecimentos realmente importantes.
Mas o que dizer se estes
esquecimentos acontecem quando se é ainda novo? Essas falhas de memória podem
ser causadas pelo stresse do quotidiano que leva à automatização das tarefas
mais banais privilegiando o que é de facto prioritário.
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