Há
músicas que nos tocam no mais profundo do nosso ser… há quem diga que é a alma…
seja lá o que for, é lá que a gente sente esse não sei quê. É precisamente aí
(seja lá onde for) que a música produz aquele efeito que nos leva a sufocar as
lágrimas, não por estarmos tristes ou alegres mas porque simplesmente nos toca…
vá a gente explicar isto!
O
arranjo para guitarra da composição de Alessandro Marcello – concerto in D
minor (Ouvir aqui) é o exemplo da música capaz de produzir em mim todas essas sensações.
A
música começa com uns acordes de violinos como se escutássemos a própria
pulsação do sangue a correr nas veias. Uma guitarra persegue os violinos numa
cadência de uma nostalgia premente de algo que tivesse ficado perdido no passado…
As cordas fazem-se ouvir em consonância com os violinos. Juntam-se-lhe outros
instrumentos em perseguição dos violinos que não se detêm…. A composição ganha
velocidade, parece correr atrás de si própria e há um pranto que ameaça romper a todo o momento… Enquanto a música evolui fica a pairar no ar toda aquela
nostalgia que ao ser humano é permitido sentir … A sala de estar tem a mesma
aparência de sempre: dois sofás pretos de dois lugares…. Um quadro/vitral por
cima da lareira raramente acesa onde o pó se acumula em cada verão, os espelhos
na parede tornam-se translúcidos deixando ver um prado verdejante povoado de
macieiras em flor… A sala de estar tem a mesma aparência de sempre só que
agora… há música.
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