Observando a uma
certa distância o tipo de relacionamento entre mim e o Miguelito (o meu menino)
sempre me surpreendo. Surpreende-me a naturalidade com que ele diz “gosto do
avô” e a naturalidade com que lhe respondo “o avô também gosta muito de ti”. O
que verdadeiramente me surpreende não são as palavras, mas sim a entrega e a
capacidade de demonstrar o carinho que sinto por ele. Surpreende-me e
intriga-me não ter sido capaz de tais manifestações de carinho para com os meus
filhos. Sempre que penso nisso, lá vêm aquelas velhas desculpas: trabalhava de manhã
até à noite a dar aulas no oficial e nas empresas, o dinheiro nessa altura não
abundava, não havia ajuda de familiares para nos darem um certo tempinho para
descomprimir, trabalhava numa “terra” estranha e por vezes hostil para com os
forasteiros,…
Muito bem, tudo isso
é verdade mas não passam de desculpas que apenas servem para camuflar uma certa
incapacidade de demonstrar afetos e pior ainda, de os receber com naturalidade.
Felizmente esse tempo já passou. Muito por "culpa" do Miguelito vou conseguindo
ultrapassar essa incapacidade. Mas o tempo não volta para trás. O nosso tempo é
agora. Ainda vou a tempo de dar um beijinho grande a cada um dos meus filhos.
Ainda vou a tempo de lhes dizer que me orgulho da forma como, cada um à sua
maneira, lutam pela vida. Tenho imenso orgulho dos valores éticos e morais que
demonstram em todos os actos das suas vidas.
Um beijo grande agora…
antes que amanhã já seja tarde…Há dias assim em nos sentimos em débito perante o dar e o receber de afetos.
E o beijinho já chegou cá! :)
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