Há
músicas que nos fazem viajar no tempo ora lamentando o tempo que passou, ora desejando
que esse tempo não volte mais.
Estou
certo de ter já declarado o quanto sou sensível à música. Ela tem por condão
transportar-me a outras paragens, outras épocas, outros momentos que guardo bem
escondidos na memória.
De tanto
ouvir dedilhar na viola, os acordes de “O corcovado” e mais tarde do “Desafinado”,
o som foi-me ficando no ouvido. Então, só o som daquela viola era o suficiente
para arrancar velhas lembranças que ainda hoje conservo. Talvez por estas ou por
outras razões, nutro um carinho muito especial por esse instrumento. Não é de
estranhar portanto, que uma lágrima mais teimosa me aflore aos olhos quando
ouço, não interessa a interpretação, uma dessas referidas músicas. Mais ainda
depois que compreendi cabalmente o sentido da letra escrita por Tom Jobin.
Ainda
hoje, passados tanto anos, uma lágrima teima em bailar ao canto do olho quando escuto
qualquer uma destas músicas. Estupidamente ou por coincidência, era a musica
que tocava na única estação de serviço onde parámos de regresso a casa…
Há dias
em que nos deixámos ir levados ao som da música.
Há dias
assim.
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