Cada vez
que me sento à mesa para mais uma refeição, não consigo deixar de pensar na
fábula de Esopo “A raposa e a cegonha”. Não é que me identifique com alguma das
personagens da história, recordo apenas a história em si e nada mais. Para
quem, mesmo assim, pretenda ver uma certa semelhança com a cegonha, devo dizer
que me identifico mais com a (velha) raposa. Também não é que me sirvam as
refeições em pratos rasos. Contudo, por uma razão que me parece estranha, não
consigo deixar de pensar nesta fábula. Principalmente quando da refeição consta
o arroz, batata frita e cenoura, bem cortadinha, etc. …
A fábula
“A raposa e a Cegonha” estava bordada num lençol bem como a história do João
Ratão. Lembro-me perfeitamente do João Ratão a cair no caldeirão assim como da
cegonha a tentar comer num prato raso. Penso que os lençóis foram bordados aquando
da demonstração grátis da máquina de costura recém-adquirida. Sem querer ser maldizente,
direi apenas que a mãe não era muito dada a essas lamechices de pegar ao colo
ou contar histórias para adormecer. Não tinha tempo nem paciência para isso.
Hoje compreendo-a, nessa altura, não.
E lá
estava a cegonha bordada a tentar comer a deliciosa sopa preparada pela raposa.
Para ambos
os lados dos lençóis, a história continuava, só que não recordo as outras
figuras.
Hoje
pergunto-me porque recordo amiúde estas cenas, mas não perco muito tempo a aprofundar
qual o motivo. Dizem que, com a idade, a memória alcança mais o tempo passado do
que do presente… Pode ser que seja verdade mas, como disse, não perco muito
tempo a pensar no que origina tais memórias.
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