No regresso de uma das últimas visitas de estudo que fiz
com os alunos (antes de me reformar), tomámos o funicular dos
Guindais. Qual a minha surpresa quando saí em pleno Largo Actor Dias! Foi no
1.º andar do número 82 deste Largo que nasci e cresci até cerca dos meus 9 anos.
Quando digo nasci, digo-o literalmente, porque o parto ocorreu em casa sendo
minha mãe auxiliada apenas por uma parteira (não profissional). Era assim que
as coisas se passavam em plena cidade Invicta.
Tudo me pareceu além de familiar, também
muito diferente da imagem que guardava de criança. O Largo não era assim tão
grande como eu imaginava nem a rua tão larga, nem os plátanos tão altos… A casa
já não existe, foi demolida para dar lugar ao viaduto da rua Duque de Loulé. Em
frente da minha casa, do outro lado da rua, ficava o Largo Actor Dias com o seu
chafariz ao centro rodeado de grandes plátanos, paredes meias com a muralha
Fernandina. Ainda hoje, apesar de estar em pleno coração da cidade, goza do
mesmo silêncio de outrora… e no silêncio do largo pareceu-me ecoar a lenga-lenga que precedia as nossas
brincadeiras do esconde-esconde ou caçadinhas como lhe queiram chamar: "Pim,
Pam, Pum, cada bola mata um, p'ra galinha e p’ró peru quem se livra és mesmo
tu". Seria bola ou bala? Bola não fazia grande sentido mas servia
muito bem para o efeito… Muitos anos se passaram, muitas casas já habitei mas, quando
ouço alguma criança recitar a lenga-lenga, sou transportado ao Largo e é essa
casa que revejo, a casa onde cresci…
Como diz a canção:
Et la
maison, où est-elle, la maison
Où j'ai
grandi ?
Je ne
sais pas où est ma maison
La
maison où j'ai grandi.
Où est
ma maison ?
Qui
sait où est ma maison ?
Ma
maison, où est ma maison ?
Do outro lado da rua ficava o prédio onde nasci
O chafariz ainda lá está bem no centro do Largo com a muralha fernandina como fundo
Era por esta escadaria (escadas dos Guindais) que, em louca correria, descíamos até ao rio
Do lado oposto às escadas ficava a Praça da Batalha onde não estávamos autorizados a ir mas sempre o fazíamos às escondidas da mãe...
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