Já que meti as mãos na massa, não posso evitar que
recorde a velha fábula que relata a relação conflituosa entre uma cobra e um pirilampo.
Nesta fábula, a cobra perseguia um pirilampo no intuito de o matar e comer.
Andavam nesta perseguição até que, cansado de fugir, o pirilampo confrontou a
cobra:
Não te fiz mal nenhum
nem faço parte da tua cadeia alimentar, porque não paras de me perseguir?
Depois de uma breve
reflexão, a cobra respondeu:
É que não suporto
ver-te brilhar…
Acho que não podia arranjar
outra fábula que ilustrasse melhor esse sentimento que é comum a muita gente
sem contudo o assumir. A inveja é mais frequente do que se possa imaginar podendo
manifestar-se de diferentes formas, por isso nem sempre reconhecível. A mais
comum, é aquele sentimento de quem se compara frequentemente com a vida dos
outros. Assim nasce o ressentimento e a antipatia que leva ao ciúme de tudo que
o outro representa ou possui. Qualquer género de inveja é mau mas, a mais
perigosa, é a inveja que vem de um amigo já que raramente se consegue detetar.
Não é todos os dias que ocorre aquela oportunidade em que, cansados de fugir,
se pergunta ao invejoso, “porque não paras de me perseguir?”
Para piorar a situação é
quando o invejoso dá (mais para si) a resposta:
Não suporto ver-te
brilhar…
Ninguém se orgulha de encarnar
o papel de cobra, são poucos os que se alegram sinceramente com as pequenas ou
grandes conquistas que se conseguem na vida. É que isso é uma coisa que
incomoda muita gente…
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